segunda-feira, 28 de maio de 2007

O Mesa e A Castiçal

O encontro dos dois foi no natal. ela estava linda, vestia cinco lindas peças vermelhas e perfumadas com algumas fitas verdes envolvendo seu corpo. Ele estava coberto com uma verdadeira bata cerimonial. Uma primeira camada verde, outra vermelha por cima e por fim um lenço branco. ela estava tranquila, mais um natal, não que fosse velha, do jeito que era viveria incontáveis natais. mas já vivera o suficiente para não se espantar com a pompa. Ele por sua vez, morria de medo. e se não aguentasse a pressão? se ele descobrisse que o propósito dele não está dentro de suas capacidades? Se for um inútil?

ela se posicionou de forma que pudesse contemplar a todos. instantaneamente o sentiu e se virou para ele encantada. tentou alguma abordagem sutíl, mas o rapaz estava visivelmente acanhado, então, tentou outras formas, mais agressivas. assim conseguia, pouco a pouco, arrancar palavras do jovem Mogno. Prata contou lhe sobre os seus antecessores e sobre si, muito sobre si. o jovem ficava encantado com a habilidade dela em detalhar as coisas, mas mogno podia apenas imaginá-las. no fim da ceia os dois foram separados.

Noutro dia se encontraram novamente. mais a vontade, ele e ela trataram de amenidades e coisas da vida e prata sempre com uma eloquência invejável conduzia muito bem a situação. o rapaz se encantava cada vez mais e Prata se envolvia na adoração que Mogno nutria por ela.

Anos se passaram em que os dois estiveram juntos. Mogno era um ser muito robusto mas se movia sempre que podia para outros ambientes e conhecia coisas novas. Prata, cada dia que passava sentia mais a necessidade de estar com ele, aquilo a fazia bem e para onde ele ia ela o acompanhava. parecia que ver o mundo não lhe tinha mais importância e viver por ele é o que bastava. depois de um tempo não lhe agradava nem as velas perfumadas, não as queria consigo, se tornaram um peso.

Algum tempo depois se separaram. Mogno dizia que não mais se encantava por ela e que cada um deveria seguir seu caminho. ela respondeu amarga:

Como vou seguir meu caminho se o abandonei há muito para te seguir?

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