domingo, 12 de dezembro de 2010

Por que Direito?

Eu sei, não precisa dizer: direito é um porre. No máximo, há um julgamento ou outro que é interessante. Mas, o legal saber se ele matou, se ela traiu, onde está corpo, enfim. Quando a discussão é se o pleito por novo júri é regra processual e tem aplicabilidade imediata ou se ela tem um cunho de direito material, aí a porca torce o rabo.

Até assuntos interessantes como a física e seus experimentos enigmáticos, suas viagens no tempo, seus inventos e tudo mais perdem completamente o brilho quando se fala nas Leis de Newton ou na Segunda Lei da Termodinâmica. Ou então a religião, de onde Dan Brown arrancou tanto fascínio, fica imediatamente entediante quando aparece o Juízo Final. É só colocar direito no meio que a coisa desanda.

O problema é que às vezes preciso viver a vida que dá para viver e fazer as coisas que podem ser feitas.

Seria muito melhor se eu pudesse vir aqui e dizer as palavras definitivas sobre a vida e dar os caminhos para a felicidade. De certo, tem poucas coisas tão angustiantes do que se ver impotente diante de um amigo, de um parente ou de alguém que se gosta e que está num momento difícil da vida.

Acho que todos já estivemos diante de uma pessoa que estava fazendo todas as coisas erradas e caminhando direto para quebrar a cara. Sentimo-nos até um pouco videntes, olhando para a situação e antevendo todos os efeitos. Mas, por mais que tentemos avisar o sujeito ou a sujeita, eles só vão compreender o que dissemos no final, quando, sem meias palavras, a merda estiver feita. Experiência parece não cortar caminhos. Pelo menos não a experiência alheia.

Há também momentos onde se passa o oposto e não há qualquer sinal do que está por vir. Isto quando os amigos vêm a nós diante de uma escolha difícil, onde ambas as alternativas são igualmente ruins. Dá até um alívio por não estar naquela situação, e um pouco de vergonha por sentir isso. Só que acho que esse alívio vem só para amenizar a empatia com a dor do outro.

Tenho a impressão de que essas dois momentos têm o mesmo resultado, a angústia de não poder fazer nada e de não ter nada de verdadeiramente útil para dizer. Seria fantástico dizer “corta! isso aqui tá muito ruim. Vamos começar tudo de novo!”. Aí era só mostrar o roteiro da vida, onde o mocinho casa com a mocinha no final e todos são felizes para sempre, exceto o vilão, que paga com a própria vida as maldades que fez durante a história toda.

Contudo, não acredito em mocinhos, em vilões, ou finais felizes. Esse roteiro também não acho que exista e se existe está em lugar desconhecido, o que dá no mesmo. Só conheço mesmo esse sentimento de impotência e de inutilidade das palavras. Conheci também o valor de um abraço nesses momentos, que costumam a dar um pouco de paz para quem está vivendo o momento difícil.

Ofereço os abraços e os ombros, então. No meio tempo, vou fazendo umas perguntas sobre a vida, o universo e tudo mais.