domingo, 21 de dezembro de 2014

Emoldurando Amores

Sob um céu claro e azul
Se estende um tapete verde musgo
Grandes árvores e arbustos emolduram o dia lindo
completando o céu estão os algodões

Sobre a grama estendido,
um grande xadrez vermelho e branco
um suquinho de canudo e um sorriso de moleque
marcam a felicidade do pequeno

À direita está a mãe
grandes dentes gargalhando com prazer
um dia como esse não acontece todo tempo
e ela sabe, tem que ter tudo dali
O pai de pé contempla o seu sonho de menino
seus amores transformados carne e osso

mas a tela não existe é uma sombra do passado
um futuro de um passado que não mais será
Nem em tela nem em metal e nem em papel
nem com óleo, com acrílico ou carvão
a vida custa os sonhos e deles se alimenta
não é justa, não espera, não pede perdão
É um incêndio permanente de tudo que não pode
nem o tempo está livre, tudo queima
some no ar

e a pintura perde a cor,
desbotando volta ao cinza
desfazendo-se em chuva de milhares de pedrinhas
do pó de estrelas do qual foi criado.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Marés

tão perto, tão perto
que é fechar os olhos
pra te ver passar.

tão pertinho que
quase choro só de contemplar
a maravilha desse caminhar
que quase esqueço não,
não posso estar tão perto

tão perto, tão perto
que sinto sua pele
me arrepiar
que o seu cheiro
continua a embriagar

tão pertinho que
se eu me distraio pego a curva errada
vou bater na porta de sua casa
e dizer que não,
não quero estar tão longe

tão longe, tão longe
que nossos erros já ficaram para trás
que de tão velhas as mágoas morrem nos umbrais
que de um do outro não necessitamos mais

não sei
se é magia ou coisas sobrenaturais
só sei
que é a vontade que reúne os casais
e de um do outro não necessitamos mais


quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Campos e a herança dos Neves

Quando eu era guri, uma distinta guerreira chamada Lucinha travava a batalha de tomar conta de três meninos um tanto quanto agitados. Das memórias que tenho da convivência com ela ficam os discos de Julio Iglesias quando retornava da escola, as broncas sobre o quanto eu demorava pra almoçar e uma frase de conteúdo político que se repetia com alguma frequência: "Se Tancredo Neves tivesse vivo, o brasil seria diferente"

Coloquei aspas mas a frase não era exatamente essa, mas o espírito era esse. Algumas aulas de história depois, percebi que meus conhecimentos sobre a história desse messias-que-não-foi eram, no mínimo escassos. foi então que fui lá no Wikipedia e vi que ele morreu velho. Nasceu no ano do Botafogo, que tá morrendo por agora, e morreu no ano em que nasci, alguns meses antes. Devo adicionar, velho pra época, já que meu glorioso avô nasceu lá e morreu em 2001 com 97 anos (se as contas dele tiverem algum crédito).

Voltando ao assunto em pauta, dei uma olhada na carreira de tancredo. Ministro de Vargas, Deputado federal e secretário de governo em Minas, Primeiro Ministro naquele hiato parlamentarista depois da renúncia de Jânio, MDB, PP (Partido Popular) e Governador de Minas Pelo PMDB. Apoiado por Ulysses Guimarães Tancredo chega à presidência da República por voto indireto como representante da oposição ao regime que caía devagarziiiinho...

A primeira coisa que me ocorre é que Diverticulite,uma doença que, segundo o Wikipedia, ficou "famosa no Brasil" por ter causado a morte de Tancredo, é uma doença completamente desconhecida para mim (apesar das aulas de História), a segunda é que entre uma Diverticulite aos 75 anos e um desastre de avião aos 49 tem tanta coisa que da até preguiça de contar. a terceira é que pra um camarada jovem, Campos tem um bom currículo. Ministro de Lula, Deputado Federal e Estadual por Pernambuco e Governador desse estado.

O Curioso está naquela velha presença que marca a ausência, ou a ausência que marca a presença, nunca sei direito; o que Campos e Neves, o Tancredo, compartilham é uma fantasia irredutível. muitos acreditavam Campos como um candidato "limpo", livre dessa dicotomia suja entre PT e PSDB, um insatisfeito. Campos agora não vai poder perder a eleição de outubro e deve ficar no imaginário, pelo menos até o fim desse ano, ao lado de Tancredo, sendo um dos dois messias-que-não-foram, mesmo sem terem sido postos à prova da vontade do Povo.

terça-feira, 15 de julho de 2014

Impreciso

Doce o mar, o barco
Flutua no leite à primavera
nos tão doces contornos
à suave e profunda brisa

Doce o mar, a vela
Se infla e se dobra
Ao sabor e ritmo dos cordéis
se embalando por um mergulho

Doce o mar, o canto
Das sereias nos recifes
dos pássaros no cais
do rouco canto da garganta seca

Doce o mar, o destino
dos bravos e tolos
dos que muito se dão
e dos que não

ao medo da fome
ao medo da cura
ao medo do sonho

doce o mar, navegar

quarta-feira, 9 de julho de 2014

sempre

Não bastasse o céu todos os dias
Não bastasse a lua todas as noites
não bastasse o oito deitado
não bastasse tudo que fostes

Não bastasse tudo que sou
Não bastasse tudo que sei
não bastasse tudo que vi
não bastasse tudo que lei

tinhas que estar nos meus sonhos
Tinhas que estar ao meu lado

Sempre

Wilinhozinho

e é aquela falta que você sente
não vem todo dia ou toda hora
mas vem sempre.

é uma falta que lhe faz aqui
é outra que lhe fazem acolá
mas nada é consistente

vem todo dia
vem toda semana
vem todo mês

mas esse, justo esse
no primeiro quarto
no que mais se sente
é o que mais falta
é o que mais se sente

oito, doze, dezesseis, vinte,
vinte e quatro e vinte e oito
treze, dezessete, vinte e um
cinco, nove, trinta e dois

números. secos e duros.
palavras e só. exceto que
nas memórias são escolas
e hoje sei o que é futebol

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Perzyana

Dois mundos, um colapso
um daqueles inesperados
de repente lado a lado
fácil, fácil, fácil, fácil

em misturados, água e óleo
mas que quando chacoalhados
fazem aquelas bolinhas
que umas dentro das outras
se enrolam e se embolam
qual flocos de neve
naqueles Perzyanos invólucros

e assim caminham,
se empurram e se puxam
se vêm e se vão
tropeçando um no outro
indo sempre pra frente
pra onde? outra questão.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Dos Sonhos

Um dia eu pintei um quadro, não
Na verdade foi tudo um sonho
Eu via as cores e formas crescerem
passando de tela a mural a pano

Aí acordei e passei tantos
procurando as tintas e sedas
nas paredes em todos os cantos
pra refazer aquelas marcas e ângulos

Agora não é só desistir?
e repeitar o que não é plano?
mas não quero viver assim

Quero as tiras e as tintas
as marcas e os rascunho
quero de volta meu sonho.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Dança do Destino

São trilhas e linhas e apostas
e acertos e erros no mesmo barco
São muitas e poucas e boas
e trilhas, destinos do mesmo mal

Das bocas que chamam
das pernas que correm
dos cantos que ecoam
de encantos que acodem

Das alvas plumas
dos versos que correm
o ouro da ponta
que então lhe comove
os ventos que trazem
consigo do tempo
a faca do seu algoz.