quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Da série "Eu Ia Jogar Fora, Mas Senti Que Ia Me Arrepender"

Resolvi seguir o conselho de um cara que sabe muito dessas coisas: deixei a afobação em casa e este bilhetinho aqui, para você encontrar algum dia, num domingo daqueles que dá vontade de arrumar a casa e a gente acha um monte de coisa antiga perdida e acaba deixando a faxina pela metade. Vou esquecer ele aqui, entre duas camisas velhas, no meio de um módulo de química orgânica, ou quem sabe num blog abandonado, para não correr o risco de ceder à minha vaidade e querer lhe mostrar esse pedacinho de amor que pus num papel. Quero que ele fique nesse fundo de armário, ou nessa posta-restante, um tempo, que não sejam milênios, mas o necessário para maturar o conteúdo, que não vire um whisky de altos valores, apenas caro à quem encontrar.

Pode até ser que nem estejamos mais juntos, e as histórias de nós dois sejam apenas uma lembrança antiga, algo que as amigas dizem “menina, eu jurava que vocês iam casar”, exceto aquela que dá uma de vidente, depois que tudo passou, e diz “eu sempre soube que num ia dar certo, tinha alguma coisa errada com aquele menino”. Aí, quem sabe, você vai ver seu nome no papel, vai abri-lo com o cenho franzido, sentar na beira da cama e dar um sorriso, lembrando as noites em claro, os suspiros abafados, as garrafas de vinho contrabandeadas para dentro de casa, a expectativa por uma mensagem no celular ou uma ligação... Talvez, nesse momento, você esteja deitada na cama, cheia da ternura da lembrança, das memórias que agora têm novas cores sob a luz desta declaração, e então ligue para um outro alguém e ame ele com todo o sentimento que deixei para você.

Quem sabe, então, nem seja você a encontrar a carta, mas uma adolescente que agora mora nesse quarto que foi seu e que estava arrumando o armário que você deixou para ela. Feito um escafandrista, ela virá explorar seu quarto, suas coisas, e tentará descer até as profundezas de um sentimento antigo feito o português que lhe descreve, nadando através dos períodos longos e se divertindo com as caras estranhas das expressões que já não se usam mais. Talvez seja ela a amar alguém com o que lhe deixei , afinal, amores serão sempre amáveis e estes futuros amantes se amarão sem saber com o amor que eu um dia deixei pra você.

3 comentários:

Luísa Capitolina. disse...

E eu que sempre dou uma de vidente, ou até mesmo desembesto a falar coisas aleatórias, só me restou o silêncio!
Segue então, porque o caminho é longo e belo(Pronto! Não resito à vidência!) Risos...

D'Artagnan disse...

Um por Todos e Todos Por Um

juliana disse...

puta.que.pariu.