segunda-feira, 18 de maio de 2009

da série: Personagens que ficaram de lado

Deus, por que? por que cai sobre mim o peso dessa cidade. que eles viessem me crucificar, adentrassem essa igreja e dessem cabo da minha vida, ou me arrastassem pra fora me prendendo aos cavalos como Aquiles a Heitor, fazendo me parte daquilo que de fato sou. Mas de nada sabem, somente a fria e assustadora lâmina da culpa me atravessa agora. sempre fui um bom servo, senhor, sempre levei o conforto dos seus ensinamento aos ouvidos dos desesperados, alimentei suas almas e espíritos com suas mensagens de Amor. É o Amor, não é? ele é a coisa mais importante de tudo, a fórmula quintessencial que une a todos e mantêm a vida. estou eu proibido desse amor? eu os amei, amei àqueles dois mais do que a qualquer outro filho de Deus, e esse foi o meu pecado? o amor deles, o amor de um pelo outro era a arma para acabar com anos de conflito nessa cidade, todas as mortes, primos, filhos, sobrinhos e pais descansariam finalmente em paz. era a materialização das metáforas do livro sagrado, e ainda assim ele não prevaleceu. poderia eu negar a ele a sagrada união do matrimonio? Poderia eu deixá-la casar-se de novo, quando já entregue perante seus olhos a outro homem? Poderia eu negar-lhe o pedido para ter o seu amor novamente, ainda que longe daqui? retornariam os dois depois, era esse o plano, voltariam casados outros sobrenomes, eles haviam de renunciar aos seus pais, à sua guerra e fariam, mesmo se os seus sobrenomes fossem partes de seus corpos, se mutilariam para verem-se livre desse ódio. maldito seja eu por me achar mais do que vosso instrumento, a amargura do meu arrependimento é tanta que transborda como veneno e a pestilência mata tudo ao redor, eu sei senhor, deveria rezar, orar, fazer penitência, pedir o seu perdão, sei que o senhor no auge da sua grandeza sabe que me arrependo amargamente e isso seus santos olhos enxergam como ato de redenção, mas não posso permitir, senhor, ato de tal generosidade, não posso. a luz que um dia reluziu nos olhos e corações de dois jovens apaixonados hoje não passa de memórias que me assombram, não senhor, esse meu arrependimento não deve me inocentar da culpa, minha alma deve ser amaldiçoada e eu devo, em nome dos meus pecados tirar minha própria vida, pagando pela eternidade. Um preço pequeno por tamanha desgraça que causei ao mundo.

Frade Laurêncio de Verona

3 comentários:

Athos disse...

Quem escreveu foi "frade" msm?

D'Artagnan disse...

provavelmente

Athos disse...

Copiar e colar tá valendo agora é?