segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Andei repensando Cuba

Li recentemente um artigo de Fidel Castro na Caros Amigos. Tratava dos pugilistas cubanos que tentaram fugir durante o pan. Na perspectiva dele, o retorno dos cubanos correra de forma tranqüila, com uma perfeita colaboração entre as autoridades brasileiras e cubanas. Quanto aos desportistas, eles apenas haviam desistido de ceder as ofertas indecentes de empresários – na opinião de Fidel - mafiosos. Segundo o estadista ainda, ninguém foi preso ao chegar em Cuba, foram eles apenas levados para casas de observação, com livre acesso aos familiares e aos repórteres. Os boxeadores não seriam tampouco objeto de represálias de qualquer tipo e exerceriam uma função digna do esporte que praticavam. Em suma, receberiam um tratamento digno, diferente daquele dado pelos estado-unidenses aos prisioneiros de Guantánamo e Abu-Ghraib. Achei interessante, em primeiro lugar, o paralelo com as prisões americanas. Se não foram de fato presos os ex-desertores, seria então descabida a comparação. Enfim, talvez ele tenha apenas aproveitado o ensejo para criticar seus inimigos mortais. De qualquer modo, após muitos anos defendendo Cuba e o regime de Fidel, fiquei pensando nas palavras dele, especialmente sobre o buscar soluções despregadas de paixões e rancores e sobre o saber tratar seu povo. Primeiro, pelas inúmeras pessoas perseguidas pelo governo por atos atentatórios a revolução. Gente que foi presa e torturada, assim como aqui, por ter opiniões diferentes. Mas, não só isso, fiquei pensando também no povo que vive com cerca 200 pesos por mês, que não é mera média aritmética, pois num país socialista todos ganham mesma coisa. Este salário equivale a menos de 10 dólares, o que coloca os cubanos abaixo da linha da pobreza. O governo ainda fornece uma sesta-básica, mas ela não atende às necessidades de uma família durante um mês. Pensei também nas eleições que são feitas apenas para o Congresso Nacional, onde se vota erguendo-se a mão e apontando para um dos candidatos escolhidos pelo Partido Comunista Cubano, o único do país. Enfim, até que ponto um chefe de estado que submete seu a tantas privações e a tamanha repressão político-ideológica sabe o que é digno? E já nem consigo mais pensar nisso como sacrifícios em prol de um ideal, por que este ideal não é mais construído, nem conversado, nem aspirado ou sonhado, apenas imposto.

5 comentários:

S... disse...

vc é só mais um que pensa diferente.

D'Artagnan disse...

ou igual! eu li um texto na carta capital sobre análises da união socialista soviética. e o que me chamou muita atenção foi o fato de que a análise atual do regime soviético foi que ele não era tão socialista assim. isso porque os bolcheviques não conseguiram criar de fato uma transação do modo de produção do capital para outro para além do capital. será que o mesmo não pode ser feito pra cuba? pode-se comparar com os brasileiros :5% ganham acima de 800 reais(carta Capital)... em salvador 25% da população é desempregada e outros 25 recebem acima de 800 (dieese) contemos então se abrigados abaixo dessa tal linha existe mais brasileiros ou cubanos...

Athos disse...

Em números abslutos ou relativos?E desde quando o Brasil é referência no tramento de seus cidadãos?E quem disse que o Brasil não tortura seus Presos?E quem disse que estes presos não são políticos?E como o discurso de igualdade e a política de estatização tornou eles diferentes de nós?

D'Artagnan disse...

O Brasil pode não ser referencia, mas é a nossa referência. as estatísticas de cuba mostram acesso pleno à saúde, educação e moradia, use a estatística que você quiser nesses pontos relativos, absolutos ou qq outro q possa existir. e sim, quem é referência? quem não torura? e quem pode ser a sociedade a ser alcançada nos dias de hoje? em cuba ninguém é obrigado e se virar em mil pra ganhar dinheiro e todas as conseqüencias que a guerra por dinheiro cria. aqui temos muito mais das coisas que não precisamos de fato e nos falta o que eles têm por pressuposto. e o que falta a eles?

Athos disse...

Vc jah viu as casas de Cuba?Jah viu as escolas de Cuba?Não sei dos hospitais, mas as casas são tão boas quanto a da maioria da população brasileira...E as escolas jah não enchem os olhos dos cubanos. E qto a luta por dinheiro, esta sim é exatamente igual a d'aqui. ela não acabou na União Soviética, q nao foi tao socialista assim, e não acabou em cuba tampouco. Isto que, segundo você, os cubanos tem por pressuposto não chegou até eles e por isso ele fazem taxi ilegal, dão aulas particulares ilegais, prestam serviços na ilegalidade e por ai vão roubando do governo e subornando pessoas pra poder sobreviver.E pergunto novamente, em que o ideal socialista fez Cuba diferente de nós?