quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Campos e a herança dos Neves

Quando eu era guri, uma distinta guerreira chamada Lucinha travava a batalha de tomar conta de três meninos um tanto quanto agitados. Das memórias que tenho da convivência com ela ficam os discos de Julio Iglesias quando retornava da escola, as broncas sobre o quanto eu demorava pra almoçar e uma frase de conteúdo político que se repetia com alguma frequência: "Se Tancredo Neves tivesse vivo, o brasil seria diferente"

Coloquei aspas mas a frase não era exatamente essa, mas o espírito era esse. Algumas aulas de história depois, percebi que meus conhecimentos sobre a história desse messias-que-não-foi eram, no mínimo escassos. foi então que fui lá no Wikipedia e vi que ele morreu velho. Nasceu no ano do Botafogo, que tá morrendo por agora, e morreu no ano em que nasci, alguns meses antes. Devo adicionar, velho pra época, já que meu glorioso avô nasceu lá e morreu em 2001 com 97 anos (se as contas dele tiverem algum crédito).

Voltando ao assunto em pauta, dei uma olhada na carreira de tancredo. Ministro de Vargas, Deputado federal e secretário de governo em Minas, Primeiro Ministro naquele hiato parlamentarista depois da renúncia de Jânio, MDB, PP (Partido Popular) e Governador de Minas Pelo PMDB. Apoiado por Ulysses Guimarães Tancredo chega à presidência da República por voto indireto como representante da oposição ao regime que caía devagarziiiinho...

A primeira coisa que me ocorre é que Diverticulite,uma doença que, segundo o Wikipedia, ficou "famosa no Brasil" por ter causado a morte de Tancredo, é uma doença completamente desconhecida para mim (apesar das aulas de História), a segunda é que entre uma Diverticulite aos 75 anos e um desastre de avião aos 49 tem tanta coisa que da até preguiça de contar. a terceira é que pra um camarada jovem, Campos tem um bom currículo. Ministro de Lula, Deputado Federal e Estadual por Pernambuco e Governador desse estado.

O Curioso está naquela velha presença que marca a ausência, ou a ausência que marca a presença, nunca sei direito; o que Campos e Neves, o Tancredo, compartilham é uma fantasia irredutível. muitos acreditavam Campos como um candidato "limpo", livre dessa dicotomia suja entre PT e PSDB, um insatisfeito. Campos agora não vai poder perder a eleição de outubro e deve ficar no imaginário, pelo menos até o fim desse ano, ao lado de Tancredo, sendo um dos dois messias-que-não-foram, mesmo sem terem sido postos à prova da vontade do Povo.